Basílica do Bom Jesus será reaberta após maior restauração de sua história
Ícone do colonial mineiro, obra-prima do barroco e parte do conjunto considerado Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco, a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), será reaberta no próximo dia 28 de junho, depois de passar pela maior e mais importante restauração de sua história. A cerimônia de entrega da obra será realizada às 09h30, com apresentações culturais locais.
O evento também contará com a presença do diretor do Departamento de Projetos Especiais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Robson de Almeida, do prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro (Zelinho), e outras autoridades locais.
Foram cerca de R$ 2,27 milhões investidos na restauração, realizada por meio do programa Agora, é Avançar, do Governo Federal, por meio do Iphan, com execução da Prefeitura Municipal de Congonhas. O Ministério Público Federal (MPF) também direcionou investimentos de quase R$ 493 mil para o projeto da obra, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta. Assim, foram dois anos e meio de intervenções, que contemplam os elementos artísticos da Basílica, em uma ação criteriosa e que segue os padrões internacionais de excelência. A paróquia ainda realizou outros serviços, como a pintura da igreja, a recuperação de relicários e imagens, como a do Bom Jesus crucificado, localizado no altar-mor.
Entre as ações realizadas, destaca-se a recuperação de uma pintura do século XVIII nas laterais do camarim do retábulo-mor e simbologia do martírio de Cristo; os quadros da sacristia, nártex, coro e da nave; balaustradas; cimalhas; forros; retábulos laterais e da sacristia; arco do cruzeiro; púlpitos; pias; lavabo de pedra sabão da sacristia; e a cruz de Feliciano Mendes. Durante a obra, foram encontradas pinturas expressivas, como o fundo da pintura do forro da nave que era cinza liso e escondia um céu com nuvens e tonalidades do azul ao rosado e ainda uma pintura sobre tela na parte superior da Cruz, com a representação do Crucificado.
Os benefícios da restauração se somam aos inúmeros outros que Congonhas conquistou nos últimos tempos. “Nos conseguimos junto ao IPHAN restaurar vários bens patrimoniais da nossa cidade, já entregamos a igreja do Rosário, a da Matriz, a Alameda Cidade de Matosinhos e, recentemente, demos a ordem de serviço para fazer a restauração geral da Romaria, que será um espaço totalmente cultural onde vamos também construir, em breve, o teatro municipal. Agora, com muita alegria, vamos entregar a restauração da igreja da Basílica, uma das mais belas do país. Este é o maior restauro de todos os tempos. Graças ao empenho da nossa equipe, conseguimos verbas importantes para Congonhas do PAC das Cidades Históricas, além do apoio do Ministério Público Federal e da participação da Reitoria da Basílica, por intermédio do Cônego Geraldo Leocádio e do Padre Rocha. Essa parceria é muito importante já que estamos reabrindo a Basílica ao mundo, nosso Patrimônio Mundial”, ressaltou o prefeito Zelinho.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
A importância histórica de Congonhas no cenário mundial está intimamente ligada à vocação religiosa da cidade e a Basílica de Bom Jesus de Matosinhos é um marco nesse sentido. Todos os anos, ela atrai milhares de fiéis, em comunhão com os mistérios divinos, a maestria de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o horizonte sinuoso das montanhas, tão características das Minas Gerais.
A intensificação da ocupação da cidade de Congonhas tem estreita relação com a construção do templo, a partir de 1757. Além disso, o próprio ciclo de peregrinação do Bom Jesus, que teve início após a decadência da extração aurífera no século XVIII e viu seu auge no século XIX, com a construção da Basílica, movimentando toda a economia local, ao atrair romeiros e visitantes.
O interior da Basílica é considerado um importante marco da arte sacra brasileira, reunindo trabalhos de alguns dos maiores escultores do período colonial mineiro, como Jerônimo Félix Teixeira, João Antunes e Vieira Servas, além de quadros e imagens de João Nepomuceno Correia e Castro e Manuel da Costa Ataíde. No adro da Basílica estão localizadas ainda as doze estátuas em pedra-sabão com os Profetas de Aleijadinho, consolidando o espaço como um dos principais cartões-postais brasileiros.
Investimentos no Patrimônio Cultural
A obra da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos é parte de uma série de investimentos no Patrimônio Cultural de Congonhas, que vem sendo realizada nos últimos anos, por meio do Iphan. A cidade está entre os oito municípios mineiros selecionados para integrar o PAC Cidades Históricas, com a previsão de realização de 93 ações no Estado com investimentos de cerca de R$ 256 milhões. Em Congonhas, além da Basílica, já foram concluídas as obras de restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e da Igreja do Rosário, e a requalificação urbanística da Alameda Cidade Matozinhos de Portugal, totalizando investimentos de cerca de R$ 6,87 milhões na cidade. Também estão em execução a implantação do Parque da Romaria e a restauração do Centro Cultural da Romaria, cuja ordem de serviço foi assinada no início de junho, colocando a cidade na dianteira dessas ações em todo o Estado.
A obra da Basílica agora finalizada está incluída no programa Agora, é Avançar, do Governo Federal, projeto focado na retomada de obras em todo o país, a fim de oferecer mais crescimento e cidadania para os brasileiros. O Ministério da Cultura, por meio do Iphan, também integra o Programa, com a previsão de investimentos em 61 ações, dentro daquelas já pré-selecionadas pelo PAC Cidades Históricas, visando sua continuidade e conclusão, e apoiando o desenvolvimento dessas cidades históricas brasileiras.