Semana de Museus resgatou arte, história e fé
De 15 a 21 de maio, o Museu de Congonhas e o Museu da Ladeira sediaram a 15ª Semana Nacional de Museus. Teatro, palestra, oficinas, caminhada, concerto, exibição de filme, lançamento da Gincana de Museus e visitas guiadas, fizeram parte da programação cultural durante a semana. O evento integrou o Circuito Cultural dos Museus de Congonhas.
A abertura, no dia 15, aconteceu no Museu da Ladeira. O diretor do Museu de Congonhas e do Museu da Ladeira, Sérgio Rodrigo Reis, oficializou o evento e enfatizou os 260 anos de devoção ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos, que será comemorado durante todo o ano. “Esta semana foi dedicada também a todos os envolvidos nos Museus. Além disso, é uma oportunidade de toda a população poder participar das atrações culturais de qualidade e conhecer os museus da cidade”, disse Sérgio.
As janelas do Museu ganharam vida com a apresentação da peça teatral “A lenda das Gurgel”, figuras que fizeram parte da história de Congonhas, encenada pelo grupo de teatro Dez Pras Oito.
Na terça-feira, 16, Sydney de Freitas, filho de Zé Arigó, outro ilustre personagem de Congonhas, conhecido e reconhecido mundialmente por suas cirurgias espirituais e mediunidade, relatou aos alunos da Escola Municipal Michael de Souza Pereira, como foi a vida de seu pai e de onde surgiu o dom que ele possuía. “Meu pai sofreu muito com os julgamentos das pessoas que não acreditavam no dom que ele tinha. Ele era um homem bom, íntegro, de família simples, que fez sua história em Congonhas e que ajudou muita gente”, comentou.
Também na terça-feira, foi lançada a “Gincana de Museus”, em que onze escolas de Congonhas irão participar. Foram sorteados os nomes de cada equipe, correspondente a cada Profeta de Aleijadinho. A primeira prova foi lançada em que deverá ser feita uma redação, cujo tema será a origem dos 260 anos de devoção ao Senhor de Bom Jesus de Matosinhos.
Na quarta-feira, 17, o anfiteatro do Museu de Congonhas recebeu o Quarteto Carlos Gomes, formado por quatro dos mais importantes músicos do cenário nacional.
Sexta-feira, dia 19, foi dia dos alunos da Escola Municipal Michael Pereira de Souza fazerem uma caminhada até a Fazenda do Faria, local onde nasceu e viveu Zé Arigó. O irmão do médium, Eli de Freitas, acompanhou os alunos e fez um bate papo contando como era a vida do irmão. A aluna Luana Carla disse que já conhecia a história de Zé Arigó. “Visitei o Museu da Ladeira há algum tempo e conheci a história dele. Hoje, tivemos a oportunidade de aprofundarmos e conhecermos um pouco mais. Isso é a história da nossa cidade”.
Encerrando a Semana, no domingo, 21, foi exibido o documentário “A Fé ao Bom Jesus de Matosinhos”, narrado pelo repórter Eliaquim Araújo. Durante o Jubileu de 1981 a produção acompanhou durante cinco dias os romeiros que visitavam o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas para compreender a força espiritual ali emanada e o poder que exerce sobre os fieis. O documentário exibiu ainda, o cotidiano da cidade no início da década de 1980 inclusive a importância da Rádio Difusora de Congonhas onde os fieis enviam mensagens aos seus parentes e amigos que não puderam participar das peregrinações.
André Candreva, responsável pela exibição do documentário, disse que teve acesso a ele através do fotógrafo de Congonhas, Welerson Athaydes. “A fé ao Bom Jesus nasceu através de Feliciano Mendes, que foi o grande precursor da devoção em Congonhas, e tudo isso é descrito no documentário”, explicou.
Oficinas
Foram ministradas oficinas nos dias 18 e 20. Na quinta-feira, 18, o escultor Luciomar de Jesus ministrou uma oficina de escultura em barro, permitindo aos participantes reproduzirem em argila suas impressões e interpretações individuais sobre as manifestações da fé da Sala dos Milagres e da Sala da Márcia de Moura Castro.
No sábado, 20, foram ministradas duas oficinas, na parte da manhã a de confecção de Velas Artesanais e Ex-votos em Cera, pela artesã Efigênia Paixão e a tarde a de Terços de Contas de Lágrimas ministrada por Flor de Liz.
D. Efigênia aprendeu o ofício com a mãe, também Efigênia, que trabalhou a vida toda com a confecção de velas artesanais e ex-votos para serem comercializados principalmente no Jubileu e na Semana Santa, mas também recebia encomendas durante todo o ano das paróquias de Congonhas e de cidades vizinhas, como São Brás do Suaçuí. Antes de falecer, pediu à sua filha que não deixasse a tradição morrer e continuasse exercendo a atividade.
Hoje, D. Efigênia exerce o ofício de sua mãe de forma artesanal e rudimentar, como aprendeu no quintal de casa. Embora existam várias técnicas para a fabricação de velas e ex-votos, ela usa o que aprendeu com sua mãe, adaptando instrumentos e processos desenvolvidos pelo seu pai, que também exerceu o ofício durante muito tempo. Com uma estrutura de roda de carro e arames, fios de barbante, canecos e latas, D. Efigênia vai transformando a mistura líquida de cera e parafina em 40 velas artesanais. O processo é lento e exige paciência e concentração.
Fonte: Comunicação Museu de Congonhas )